4.
Segundo Corrêa, o Maçambique
é um “auto popular em que, por meio de
cânticos e danças, os negros da cidade
de Osório, no RS, homenageiam a N. S. do Rosário
e coroam o Rei do Congo e a Rainha Jinga. Trata-se de
uma forma regional das congadas que se espalham por
todo o Brasil (congos, cacumbis, maracatus, etc.)”
(Corrêa, 1998: 17-18).
5.
O violão e as percussões que
carrego comigo têm sido instrumentos importantes
de aproximação com os quilombolas e do
desvelamento de minha identidade de musicista e pesquisadora
frente a eles. Tocando juntos compartilhamos dificuldades
técnicas, repertórios, acordes, melodias,
ritmos, estéticas e visões de mundo.
6. Registro antropológico importante
sobre o Rincão dos Negros é a dissertação
de mestrado de Rui Leandro da Silva Santos: Festa
de Nossa Senhora Imaculada da Conceição:
articulação, sociabilidade e etnicidade
dos negros do Rincão dos Pretos no município
de Rio Pardo – RS. Porto Alegre: PPG - Antropologia
Social, 2001.
7. Quero registrar meu agradecimento
à Dona Marina Souza da Silva, à Dona Romilda
de Souza Machado e, especialmente, ao Seu Joci David
e seu sobrinho, Adair David, pela generosidade com que
têm me recebido e contado as histórias
do Rincão dos Negros.
8. Aqui a expressão “religiosidade
afro-brasileira” engloba as manifestações
tidas como de origem africana, no caso do RS, o batuque,
mas também as expressões do catolicismo
popular brasileiro, como o maçambique, os quicumbis
e as congadas.
9. A instalação de luz
elétrica faz parte do conjunto de políticas
afirmativas destinadas às comunidades quilombolas
no Brasil.
10. Na casa do Sr. Joci o poste de
luz havia sido colocado na véspera, mas a luz
ainda não estava ligada. Dona Marina comentou
sobre isso: “ 64 anos à luz de vela”.
11. A colega citada é Anelise
Guterres, mestranda em Antropologia Social pela UFRGS,
e sua fala ocorreu durante um seminário de Antropologia
Visual na UFRGS, coordenado pelas professoras Cornélia
Eckert e Ana Luiza Carvalho da Rocha.
12. No original: “this is relatively
easy when the event attracts more attention than the
camera [...]. The usual practice is to spend so much
time with one´s subjects that they lose interest
in the camera. [...]
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The goal is not simply to present the ‘indigeneous
view’, nor to invade voyeuristically the consciousness
of their individuals, but to see social behavior, and
indeed culture, as a continuos process of interpretation
and re-invention”.
13. A boneca na mitologia de vários
povos africanos é símbolo de fertilidade,
portanto, um ícone do feminino em culturas tradicionais.
A maioria dos povos africanos não as vê
de forma lúdica apenas, mas como possuidoras
de conotações mágicas e religiosas,
tratadas com respeito, enfeitadas e cuidadas, até
mesmo banhadas como as próprias meninas que as
possuem. Tamanha a importância da boneca no Quicumbi
do Rincão dos Negros que Adair o definiu
como “canto, dança, instrumentos e
a boneca”, apesar de não explicar-me
exatamente os motivos.
14. Furnas de Dionísio fica
na região da serra de Maracaju, a 40 km da cidade
de Campo Grande (MS).
15. Logo depois Iosvaldyr finalizou
e defendeu sua tese de doutorado: Maçambique
de Osório entre a devoção e o espetáculo:
não se cala na batida do tambor e da maçaquaia.
Porto Alegre: PPG – Antropologia Social/UFRGS,
2006.
16. Até o momento, o registro
mais antigo que encontrei é de 1924, sobre o
maçambique de Osório, e encontra-se no
Dicionário do Folclore Brasileiro (1962), de
Câmara Cascudo. Entretanto, Dante de Laytano,
em 1945, afirmava que as Congadas de Osório teriam
origem “talvez, da segunda metade do século
XVIII, pois não se pode pensar numa colonização
regular do Rio Grande antes, mas que elas tiveram grande
voga no segundo império e, embora sofrendo a
destruição do tempo, chegaram até
nossos dias” (Laytano, 1945: 10). Norton Corrêa
afirma que o Moçambique, juntamente com o culto
religioso do batuque é a mais forte manifestação
da cultura afro no RS (Corrêa, 1998).
17. Como Carlos Sandroni, com o samba
de roda do Recôncavo Baiano (2005) e Elizabeth
Travassos, Letícia Vianna e Edilberto Fonseca
(2005) com o viola-de-cocho de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, para citar alguns exemplos. Outra referência
importante sobre as implicações éticas,
sociais e políticas em relação
à realização de inventários
de bens imateriais é o livro organizado por Rosângela
Pereira de Tugny e Ruben Caixeta de Queiroz (2006),
a partir do “Encontro Internacional de Etnomusicologia:
Músicas Africanas e Indígenas no Brasil”,
realizado em Belo Horizonte, em 2000.
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