A cidade como experiencia temporal: 
Coleções etnograficas na Internet

Este trabalho aborda a pesquisa antropológica na Internet através do estudo de formas mais integrativas, criativas e interativas de recuperação de conjuntos documentais e coleções etnograficas versando sobre o tema do patrimônio etnológico no mundo urbano contemporâneo, problematizando as novas tecnologias como importantes suportes de interpretação dos tempos e espaços sociais. Trata-se aqui de inúmeras reflexões a respeito dos processos de tratamento documental de coleções etnográficas no âmbito do percurso de patrimonialização do mundo urbano contemporâneo, tendo como foco o uso de novas tecnologias digitais e eletrônicas. Sem dúvida, o século XX foi o século da memória. A ciências, a literatura, as artes, enfim, foram múltiplas as formas de tradução da memória do mundo. O contexto das transformações na organização das formas de vida social nos grandes centros urbano-industriais, o industrialismo, o surgimento de uma cultura do espetáculo e as ilusões associadas ao progresso da técnica como parte constituinte do agenciamento humano do tempo1. Referimo-nos aqui a inúmeros destes aspectos tais como a eletricidade como fenômeno que orienta o controle dos ritmos naturais do tempo nos grandes centros industriais, a formação de grandes impérios coloniais e o encurtamento das distancias que separavam o homem ocidental de povos e civilizações, antes longínquos; o crescimento de consumo cultural do exótico e do bizarro; o desenvolvimento da industria do turismo e sua sede voraz de novas paisagens humanas e naturais, etc., corresponderiam e aos experimentos com a técnica da fotografia e à invenção do cinematógrafo, em fins do séc. XIX, até finalizar, nos dias de hoje, com o computador e as redes digitais e eletrônicas. A técnica de registro documental de fatos, eventos, acontecimentos sociais por meios tecnológicos cada vez mais sofisticados (fotografia, cinema, vídeo, as novas tecnologias da informática) tem revelado, por outro lado, ao homem moderno a sua capacidade de desvendar mundos sensíveis que não eram antes percebidos: a poesia dos atos e falas humanas ordinárias e cotidianas, por exemplo, o conhecimento e a precisão dos fatos observados pela ciência; a composição dos movimentos que encerram as ações de homens e animais em seus detalhes estruturais, o armazenamento de informações através de programas de computadores, etc.




 

 

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